sábado, 5 de setembro de 2015

OUVIR... GESTO DE DOAÇÃO!


Há um pensamento estrangeiro que assim diz: 


                A palavra Ouvir possui as mesmas letras da palavra Silêncio. Em inglês, claro.                                                 
             Mas neste jogo linguístico, percebemos uma sabedoria bem intensa: para ouvir, é preciso silenciar.                           
                  Mais do que nunca temos percebido no ser humano a necessidade de falar e falar para se autoafirmar no grupo em que está inserido. Parece ser uma necessidade vital, ao ponto de alguns chegarem a traçar o seguinte comentário: "Se eu não falar, eu morro.                                       
                  Será?                           
                Outros falam de si o tempo inteiro, numa atitude hedonista e narcisista. Não importa se são frases de efeito ou palavras do senso comum. O importante é se mostrar através da palavra falada.                     
                 Outros já falam do outro. Toda e qualquer pessoa é alvo de seu falatório. E infelizmente, estes estão preocupados mais em falar mal do que bem. São pessoas que consideram uma necessidade divulgar para o mundo o que elas sabem, num tom de denúncia. Como se isso fosse retirar todas as impurezas das ações humanas.                        Os serviços de mensagens instantâneas nunca fizeram tanto sucesso. A transmissão da mensagem nunca foi tão rápida e eficiente. Não temos tempo para ligar e ouvir as pessoas. Precisamos ser eficientes. Ou mandamos uma mensagem resumida ou gravamos um áudio que vá direto ao ponto.                        
              E nessa dinâmica da rapidez e da eficiência, perdemos ou nos esquecemos do valor da audição. Para ouvir, é preciso silenciar, é preciso dar ao outro a oportunidade de, entre um assunto importante e outro, desejar um bom dia, perguntar como está a família, a temperatura, contar o que aconteceu com os filhos, com o namorado, com um amor flertado, comentar sobre a temperatura do dia ou da noite...                    
             É difícil ouvir! O ouvir exige silêncio. Exige de nós atenção, exige de nós a prática de segurar as palavras que estão em nós e apreender, capturar as palavras que vem do interlocutor e quer fazer morada junto às nossas.            Ouvir é um esforço sobrenatural. Não estamos interessados em saber da vida do outro. E se estamos interessados, é porque estamos prontos a rebater uma opinião, um conceito e sobrepor o nosso pensamento em relação ao do outrem. Na verdade, nós o escutamos com um argumento previamente elaborado para desfazer o que será dito.                     
            Ouvir é silenciar. Silenciar nossas opiniões, nossos desejos para simplesmente deixar que o outro seja ele, para que a pessoa manifeste o seu desejo de falar e falar. Idosos não repetem uma história "mil vezes" porque acham que você não ouviu o fato retratado. Porém, eles repetem porque, naquele momento, querem a sua atenção, querem se sentir mais humanos, já que a condição física, as marcas do tempo os fazem sentir menos importantes.                        Quando nós silenciamos e ouvimos, a nossa atenção, os nossos olhos concentrados dizem  a outra pessoa que ela tem um valor e por isso merece sem ouvida. Sentar e ouvir são gestos de renúncia do eu e entrega incondicional para quem fala.                       
           É no momento do ouvir, que temos a oportunidade de refletir sobre a mensagem que o outro passa; é a chance de decidir o que fazer ou não fazer, avaliando o relato do outro. E o tempo que recebemos para fazer escolhas que farão diferença num momento ou para a vida toda.                        
            Quando ouvimos, mostramos a nossa humanidade e permitimos a exposição da humanidade alheia. Pais ao ouvirem seus filhos, estão dando à nova geração a chance de mostrar o que sentem e o que pensam. Filhos ao ouvirem seus pais, estão dando à antiga geração a oportunidade de mostrar que merecem respeito e confiança.                                
         Ouvir nunca é demais! Ouvir é ato de sabedoria!
Sejam todos prontos para ouvir e tardios para falar.  Tiago 1.19


Kézya Cristhina Sousa Castro Freitas                     





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