quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O que o filme "Para sempre Alice" tem a ver comigo?

          




              "A nossa conversa hoje é sobre filme? Não há nada mais importante para tratarmos? Tenho tantas atividades mais interessantes... Acho que isso não me importa". Será? Penso que deveria ignorar os muitos aplicativos do seu aparelho eletrônico e me dar um pouco de atenção. Se estiver entediante, pode parar de ler e continuar o que estava fazendo, ok.                            Para sempre Alice, um filme lançado em março de 2015 narra a história da renomada linguista Alice Howland (Julianne Moore) que, aos poucos, começa a esquecer palavras e lugares comuns do seu dia-a-dia. A doutora é diagnosticada como portadora de Alzheimer, doença que a atinge em idade precoce. Ela e a família, então, passam a enfrentar as dificuldades próprias dessa enfermidade, e o filme mostra o quanto o marido John (Alec Baldwin) e a filha caçula Lydia (Kristen Stewart) passam a ter níveis diferentes de importância no cotidiano da protagonista.            
                     É impossível não nos colocarmos no lugar de pais, amigos, irmãos que possuem entes queridos na condição da personagem da grande atriz Julianne Moore. Numa relação empática, acabamos por refletir sobre os nossos medos em relação às consequências dessa doença na vida das pessoas que amamos ou por que não dizer, na nossa vida também. Estamos sujeitos a um dia passar por este mal que não tem cura atualmente e que a descoberta  ainda está bem longe de ser alcançada.             
                Um momento importante na sequência do filme ocorre quando ela, já ciente da doença, vai apresentar uma palestra a cientistas que estudam especificamente o mal de Alzheimer. Alice planeja um discurso bastante científico sobre o tema, porém acaba alterando-o e mostra sua visão enquanto portadora desse problema. E uma frase que fez pouso e morada em minha mente foi: "Eu estou aprendendo a arte de perder todos os dias." Sabemos que a perda de lembranças recentes, lembranças remotas, o esquecimento do local de cada objeto ou o nome das pessoas são as marcas mais fortes dessa fatídica patologia.                         Se a reflexão parasse  aí, estaria bom. Contudo, essa minha mente cheia de pensamentos, que borbulham como água em uma nascente, disparou a trabalhar e mil pontos de interrogação surgiram aqui. A grande maioria de nós não tem o Alzheimer já diagnosticado cientificamente. Ainda bem! Porém, muitos de nós temos um dispositivo que nos limita a criação de memórias e que é mais sério ainda.          
                     Como assim? Você, leitor, deve estar pensando: "Quanta prolixidade! Vá direto ao ponto. O que mesmo você quer me dizer?" Quero  dizer que perdemos a oportunidade de criar muitas memórias inesquecíveis, talvez não tanto na nossa vida, mas na daqueles que nos rodeiam como pais, filhos, amigos, família, colegas de escola... Quantas vezes nos esquecemos da nossa vida real e passamos a viver a virtualmente? Quantas vezes já precisamos pedir a alguém para repetir sua fala, porque tínhamos perdido a conexão com quem está perto?  Quantas memórias já foram perdidas porque nossa atenção estava ligada a um visor? Quantas chances de ouvir, olhar diretamente nos olhos, perceber uma expressão facial e corporal nós perdemos para sempre, pois os nossos olhos estavam fixados em um aparelho eletrônico?             
                     De fato, hoje perdemos muitas lembranças, não porque somos ruins de memória, mas visto que, simplesmente deixamos a oportunidade de criá-la em nossas vidas. Quantas vezes deixamos de declarar os nossos sentimentos de amor aos nossos entes queridos que estão sentados à mesa do jantar? Quantas vezes deixamos de dedicar tempo para aproximarmos de pessoas que realmente se importam conosco? Quantas vezes deixamos de ouvir as histórias de nossos avós idosos e dar a atenção para eles, porque tínhamos que responder a uma mensagem "urgente"? Quantas vezes perdemos a chance de ensinar aos nossos filhos novas brincadeiras, novas palavras, novos bons conceitos éticos porque estamos "ocupados"? Quantas vezes perdemos a chance de conhecer melhor os que moram dentro da nossa própria casa? Quantas vezes...              
                      É... a verdade é que o Alzheimer provocado pelo mundo virtual é muito mais perigoso do que aquele que, de fato, chega com o passar dos anos. Ele não precisa de exames, diagnóstico e ressonância. Ele é visível nas mãos e na (des)atenção de muitos passantes pelas ruas, nas cadeiras das salas de espera  em consultórios e hospitais, no sofá da sala ou em cima das camas nos quartos, nos pontos de ônibus, nos bancos das praças também e em tantos outros ambientes.               
                             E assim, em meio há tantos parágrafos desanimadores, eu lhes apresento um que pode, de fato, salvá-lo dessa afecção. Nessas próximas linhas, tenho a sugestão para a cura do Alzheimer de que tanto falei e que você deve ter notado sintomas em você. Quer de fato se curar? Fica para você a receita:
                  APERTE A TECLA "DESLIGAR" E ... VIVA!
                    

Kézya Cristhina S. C. Freitas
               





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