segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O chiclete embaixo da carteira é culpa de quem?


             Não dá mais para esconder. A educação no Brasil está mesmo de mal a pior. Nossos estudantes brasileiros lideram o ranking de indisciplina na sala de aula, conforme um relatório da Organização para cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E o resultado todos nós já sabemos. O mau comportamento estudantil prejudica a aprendizagem, a absorção de conteúdos.
                No ano de 2014,  a mesma organização fez uma pesquisa  com mais de 100 mil professores e diretores de escola  de 6º ano 9º anos e ensino médio. A conclusão foi a de que o Brasil também lidera o topo no ranking de violência no ambiente escolar. Em uma entrevista ao site da BBC Brasil, Dirk Van Damme, chefe da divisão de inovação e mediação de progressos em educação da OCDE, comentou que "a escola hoje está mais aberta à sociedade. Os alunos levam para a aula seus problemas cotidianos."



                 A cada três anos, estudantes de vários países fazem o exame internacional Pisa ( sigla inglesa para o Programa Internacional de Alunos ), cujo objetivo é mensurar sistemas educacionais no mundo por meio de uma série de testes em assuntos como leitura, matemática e ciências. A avaliação foi feita em 2012 com alunos de 65 países. Os resultados foram divulgados em 2013.  O Brasil ocupa a posição 55 no ranking de leitura, 58 no de matemática e 59 no de ciências.
               Talvez alguns até possam dizer que este dado já está defasado. Logo, aqui se apresenta uma dado mais atualizado. Esse foi feito em abril de 2014, pela Federação do Comércio (Fecomércio) do Rio de Janeiro e foi mostrado que 70% dos brasileiros não leram um livro sequer nesse mesmo ano. O dado é preocupante não só neste período , mas porque o número só vem caindo,  principalmente entre adolescentes e adultos.
              Quanto ao aspecto da leitura, uma frase de Mark Twain, escritor e humorista norte-americano que viveu no século XIX, define bem nossos alunos e leitores no Brasil: "Quem não lê tem pouca vantagem sobre quem não saber ler." Numa linguagem bem brasileira: "Todos são ,praticamente, farinha do mesmo saco."
                  O movimento TPE - Todos pela Educação mostrou que em  2013,  há dois anos apenas, com base nos dados da comparativos das notas do exame nacional Prova Brasil,  no 9º ano, o último estágio do ensino fundamental, a maior parte dos alunos de escola públicas não é capaz de entender textos narrativos longos e com vocábulo complexo, não consegue resolver problemas matemáticos ou usar porcentagens e medidas padronizadas (como km e kg), o que seria esperado nessa etapa, segundo métricas do próprio governo.
                    O questionamento que se faz neste ponto é: o que esses alunos fizeram ao longo de nove anos dentro de uma sala de aula? E olhe que não estamos considerando os anos de pré-escola.
Simplesmente iam? Tudo foi uma perda de tempo? Como eram essas aulas? Será só culpa dos professores? Será culpa somente da instituição de ensino? 


                      A verdade é que todos têm sua parcela de culpa. Mas há mais gente para ser responsabilizada também. Onde estão os pais? Qual a porcentagem de responsabilidade dos genitores que encaminharam e encaminham esses alunos para uma instituição de ensino? Será que eles entregaram totalmente a educação de seus filhos à escola? É, em muitos casos, sim. É por isso que ouvimos tantos professores chateados dizendo a seguinte frase: "A escola ensina, a família educa."
                Em parte, essa fala está certa. Porém, para que não ocorra os problemas acima citados, é imprescindível a cooperação dos pais. A criança que cresce sabendo seu lugar como filho, respeitando aqueles que o criaram e outros adultos, certamente saberá respeitar seus professores, outros funcionários do ambiente escolar e também seus colegas de sala. E ele há de ir além, saberá respeitar regras impostas, entenderá o valor das punições quando necessárias e compreenderá seus direitos e deveres. Como ser humano, entenderá que, assim como há regras em sua própria casa, há regras em outros lugares como a escola  e que precisam ser respeitadas.
                      O tão famoso pedagogo brasileiro Paulo Freire um dia afirmou: "Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."

                Já passou da hora de a educação ser revista. Não educação como sinônimo de conhecimento; contudo educação equivalente ao significado mais abrangente da palavra, conforme descreve o dicionário Aurélio:"Formação consciente das novas gerações segundo os ideais de cultura de cada povo; civilidade; delicadeza; cortesia."

                  Se você, leitor, concorda com essa ideia, repasse este texto para outras pessoas. Há mais gente precisando se lembrar de que o chiclete colocado embaixo da carteira não é só culpa do aluno. Há mais gente culpada por ele!

            


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